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A boa notícia é que neste ponto nós já temos todos
os elementos necessários para compreender os determinantes
da demanda agregada na macroeconomia de acordo com os
nossos óculos da corrente principal.
Estamos aqui destacando, então, teorias e conceitos e visões de funcionamento
da economia da corrente principal que é então a corrente que predomina
nas pesquisas e nos trabalhos publicados teoria macroeconômica no mundo.
Enfim, essa perspectiva como já dissemos anteriormente é uma perspectiva novo
keynesiana de equilíbrio geral com expectativas racionais e imperfeições de
mercados e isso vai se tornando claro conforme a gente vai construindo
a estrutura lógica da macroeconomia.
Estamos então portanto, com todos os elementos disponíveis para
entender a lógica de funcionamento, as variáveis relevantes,
o impacto das políticas econômicas sobre a demanda agregada da economia.
E é sintetizando as relações entre o mercado monetário, o mercado
cambial e o mercado de bens e serviços, que nós entendemos este comportamento.
Isto é o que nós vamos fazer exatamente nesse momento.
Lembrem-se que lá no início da nossa análise nós fizemos uma
suposição bastante forte e que se mantém até o momento,
que é a suposição de que a inflação esteja constante,
ou seja, que a oferta agregada da economia seja horizontal.
Isso significa, só para reforçar, uma hipótese de simplificação
para que nós possamos entender todos os processos etapas,
e ao final termos quadro completo que possa
nos permitir entender tanto a variação da inflação,
quanto a flutuação do produto, do emprego e do desemprego.
Porém por enquanto, nós estamos ainda neste contexto,
nesta etapa mais simples da nossa análise que
leva conta que a inflação esteja constante.
Nesse contexto, nós vamos avaliar como os mercados monetário,
cambial e de bens e serviços se inter-relacionam.
O primeiro passo é entender como podemos representar essas inter-relações de
uma maneira relativamente simples e gráfica para que nós
possamos ao longo dos nossos próximos encontros
finalizar e complementar a estrutura macro
completa considerando os efeitos de oferta agregada e portanto de inflação também.
Para fazer isso, nós vamos buscar representar essas inter-relações num
plano bidimensional, num plano cartesiano, que o eixo das ordenadas tem a inflação e
o eixo da abscissa representa o produto da economia.
É gráfico já apresentamos lá no início e estamos sempre reforçando e
utilizando ao longo das nossas aulas.
Para expressar a demanda agregada, que é a conexão entre mercado monetário,
mercado cambial e mercado de bens e serviços no plano inflação e produto,
nós precisamos pensar de uma maneira que é muito comum na análise macroeconômico,
na análise econômica geral, que é a seguinte: todos os nossos
raciocínios até esse momento estão concentrados na
compreensão dos determinantes do produto pelo lado da demanda agregada.
Portanto, nós podemos pensar que dado nível de
inflação será compatível com certo nível de produto pelo lado da demanda agregada.
Então nós teríamos pontinho no gráfico,
ou no quadrante positivo de inflação e produto,
pontinho estaria marcado ali, e eu estaria aqui afirmando para vocês que esta
combinação de inflação e de produto é uma combinação
que atende as inter-relações desenhadas
nos mercados monetário, no mercado de câmbio e no mercado de bens e serviços.
Okay.
Como é que nós podemos observar onde estaria outro ponto,
outro par ordenado entre inflação e produto e que também
atendesse a esta relação a lógica,
essas relações lógicas expressas nesses mercados.
Quando eu digo atendesse as relações lógicas expressas nesses mercados,
eu estou dizendo que este par ordenado é par ordenado de equilíbrio
destes mercados que formam a demanda agregada.
Então no fundo eu estou querendo representar todos os possíveis pares
ordenados entre inflação e produto que são possíveis
no contexto das relações lógicas que a gente desenhou até aqui.
Está claro?
É assim que nós operamos.
Como nós estamos no contexto, principalmente de determinação do produto,
a inflação está constante, a nossa lógica de raciocínio é
pensar da seguinte maneira: o que aconteceria pelo
lado da demanda agregada na determinação do produto,
se a taxa de inflação fosse diferente daquela inicial.
Vocês podem estar se perguntando,
'Mas por que que a taxa de inflação seria diferente daquela inicial?'.
Eu já respondo da seguinte maneira, não sabemos ainda.
Só poderemos entender o movimento simultâneo de inflação e de produto
quando o nosso modelo estiver completo, quando eu estiver com modelo
que o equilíbrio geral da macroeconomia esteja sintetizado,
esteja representado pelos seus respectivos componentes.
No nosso equilíbrio geral ainda está faltando o lado da oferta agregada,
não está?
Então não podemos ainda explicar simultaneamente o produto e a inflação.
Vamos fazer raciocínio inicial para entendermos
a lógica da demanda agregada para diferentes níveis de taxa de inflação.
Qual vai ser a taxa de inflação da macroeconomia?
Dependerá da inter-relação entre a demanda agregada e a oferta agregada.
Já chegaremos lá, mas por enquanto ainda não.
A nossa pergunta então é: o que acontece nessas inter-relações entre
os mercados monetário, cambial e de bens e serviços numa circunstância,
numa situação que a taxa de inflação, por exemplo,
seja mais alta do que aquela que nós estávamos considerando inicialmente?
Então agora nós estamos numa situação com mais inflação.
Por que?
Calma, ainda não podemos explicar os fatores que levaram essa nova situação,
mas vamos tomá-la como dada.
Supondo então que haja uma taxa de inflação maior,
o que acontece nesse circuito de inter-relações de demanda agregada?
Então nossa análise sempre buscará o ponto inicial,
o ponto que essa mudança tem o seu primeiro efeito.
E a gente se pergunta, bom, essa taxa de inflação mais elevada
no contexto da nossa lógica de demanda agregada,
ela vai ter efeito onde, primeiro lugar?
Que segmento?
Que decisão?
Que agente e que decisão desse agente?
Será que no mercado de câmbio?
Será que no mercado de bens e serviços?
Não, né?
Vamos relembrar que a lógica de decisão da política monetária
e o equilíbrio do mercado monetário está regime de metas de inflação,
sintetizado numa expressão simplificadora,
que nós chamamos lá de Regra de Taylor.
O que a Regra de Taylor nos diz?
Numa situação de mais inflação como deve reagir o Banco Central?
O que que nós esperamos que o Banco Central faça num contexto
institucional de metas de inflação?
Nós esperamos que Banco Central faça uma política monetária restritiva,
ou seja, opere dos seus instrumentos de política monetária,
por exemplo, o open market, para produzir uma elevação na taxa de juros.
Como é que ele vai fazer isso?
Vamos relembrar.
Ele deve fazer open market de compra de títulos,
ou open market de venda de títulos?
Quando ele compra títulos, ele tira moeda de circulação,
ou coloca moeda de circulação circulação?
Vamos relembrar.
Quando ele compra títulos, a rubrica títulos se eleva,
então ele vai pagar os agentes com moeda,
e no caso do sistema bancário que estará fazendo a contra parte dessa compra
vendendo títulos para o Banco Central terá crédito na sua conta de reservas.
Ou seja, ...as reservas disponíveis para o sistema bancário se elevam, a base
monetária se eleva, ou seja, o banco central está colocando moeda circulação.
Portanto, se o banco central está colocando moeda circulação,
isso vai ter efeito de realocação de portfólio dos agentes que demandarão mais
títulos públicos, porque nós temos excesso de oferta de moeda, excesso de oferta
de títulos como consequência de realocação de portfólio dos agentes financeiros.
Como o Banco Central deve realizar essa política monetária?
Ele deve realizar operação de compra de títulos públicos ou uma operação de venda
de títulos públicos?
Vamos lembrar que o objetivo é elevar a taxa de juros, ou seja,
produzir efeito restritivo sobre a economia.
Portanto, ele deve produzir efeito de diminuição
de circulação da moeda com o público.
Uma operação de venda de títulos públicos, exatamente, fará este efeito.
O Banco Central vai colocar mais títulos para negociação mercado,
vai ofertar títulos, o preço do título cai e a taxa de juros sobre.
Quando o Banco Central vende títulos, ele tira moeda de circulação.
Portanto, a base monetária diminui.
Quando a base monetária diminui, a moeda circulação,
a oferta de moeda agregado ao M1 diminui, então nós temos uma situação com
menos moeda circulação e uma taxa de juros mais elevada via open market de venda.
Qual é o passo seguinte?
Qual é o efeito da taxa de juros mais elevado sobre
o mercado de bens e serviços?
O mercado de bens e serviços é mercado que nós temos a decisão de consumo
das famílias, a decisão de investimento dos investidores produtivos,
das empresas, das firmas, a decisão de consumo do governo,
de gastos do governo e de tributação e o resultado das exportações líquidas,
que já analisamos lá nos nossos primeiros módulos.
O impacto inicial da elevação da taxa de juros recai sobre
os componentes de investimento produtivo e de consumo das famílias,
lembrando que as famílias podem fazer, então, uma opção entre consumo presente
e consumo futuro quando a taxa de juros sobe, há incentivo para o consumo futuro,
portanto para poupança hoje e a queda de consumo hoje.
Quando a taxa de juros sobre, projetos que antes eram economicamente
viáveis deixam de ser, o investimento produtivo cai, ou seja,
esses dois componentes do dispêndio doméstico caem.
E o que acontecem com as exportações líquidas?
Este é exatamente o efeito que nós discutimos já anteriormente,
que passa pelo mercado cambial.
Quando a taxa de juros doméstica se eleva, nós produzimos o quê?
Efeito tudo mais constante, que determina todos os demais elementos que determinam
a locação de portfólios constantes, quando a taxa de juros doméstico se eleva,
nós produzimos incentivo maior para que haja mais demanda por ativos domésticos,
portanto há fluxo de capitais para dentro do país, excesso de oferta de dólares,
o preço do dólar cai, ou seja, a moeda doméstica se aprecia.
Quando a moeda doméstica se aprecia,
qual é o impacto disso sobre as exportações líquidas?
Moeda apreciada significa, então,
que há efeito competitividade/preço também de apreciação.
Os bens dométicos perdem competitividade, portanto as importações
crescem e as exportações diminuem, o que deprime, o que diminui o
saldo de exportações líquidas, contraindo ainda mais o dispêndio doméstico.
Então, esse primeiro impacto sobre cada dos componentes.
Quando nós observamos, então,
esse primeiro impacto, sequência nós vamos observar o quê?
As empresas vão formar estoques indesejados, ou seja,
vão ficar com produção nos seus estoques e vão tomar
a decisão de diminuir a produção da economia,
e vamos explicar como se dá esse processo no conceito da oferta agregada.
Por enquanto, basta entendermos que quando há menos dispêndio doméstico,
há uma diminuição da renda da produção na economia, a renda cai,
consequência, segundo round de ajustes função do multiplicador keynesiano,
o consumo das famílias cai mais pouquinho, que diminui ainda mais o dispêndio
doméstico, que diminui ainda mais a renda, no processo do
multiplicador puxando a economia para nível de atividade mais baixo.
Então, o efeito é ainda multiplicado pelo processo da
relação entre consumo e renda disponível que discutimos anteriormente.
Qual é o resultado final?
A economia vai para ponto de equilíbrio pelo lado da demanda
agregada com uma taxa de inflação maior e nível de atividade menor,
ou seja, produto, PIB, uma renda menor.
Então, nós temos outro ponto que também obedece as inter-relações
da demanda agregada para circunstância de uma taxa de inflação maior.
E é exatamente isso que nos permite desenhar no gráfico inflação-produto
uma curva de demanda agregada negativamente inclinada, ou seja,
mostrando que quanto maior a inflação, menor o produto da economia.
Quanto menor a inflação, maior o produto da economia.
Mas é importante entender a lógica por trás deste resultado.
Se não nós vamos cair num tipo de análise que eu brinco bastante com
os meus alunos e que eu costumo chamar de a macroeconomia das curvas que pulam.
Nós não queremos aqui fazer análises do tipo macroeconomia das curvas que pulam.
Portanto, nós precisamos entender com bastante clareza a lógica de decisão
dos agentes que está por trás da curva de demanda agregada negativamente inclinada,
que é uma lógica totalmente diferente de uma curva de demanda agregada no
contexto da microeconomia, no contexto da teoria do consumidor.
Então, essa lógica quando nós pensamos numa economia que funciona
de acordo com os cânones modernos, que o Banco Central sempre reage às
flutuações na economia, e, portanto, nós representamos o equilíbrio
monetário pela ração do Banco Central por meio de uma expressão simplificadora,
que é a regra de Taylor, a uma situação de mais inflação, o Banco Central vai
reagir elevando a taxa de juros, a uma situação de menos inflação,
o Banco Central vai reagir diminuindo a taxa de juros.
E essa reação do Banco Central à inflação que produz os efeitos reais
sobre a economia, ou seja, que transmite a economia
real o impacto inicial da política monetária restritiva, de elevação
da taxa de juros, ou expansionista, de diminuição da taxa de juros.
E para a gente fixar bem,
vamos pensar então numa situação de política monetária expansionista.
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