Quando falamos em personalização do ensino, o que vem à sua mente?
Fernanda, você poderia contar pouco mais sobre o que significa personalizar,
onde a personalização acontece, porquê personalizar,
e por último, como personalizar?
>> Bom, personalizar o ensino significa que as atividades a serem desenvolvidas
devem considerar o que o aluno está aprendendo, suas necessidades,
dificuldades e evolução, ou seja, significa centrar o ensino no aprendiz.
E hoje contamos com grande facilitador para isso: o uso das novas tecnologias.
Em relação à segunda pergunta, a personalização acontece nos diferentes
espaços escolares e talvez o primeiro deles seja a sala de aula.
Mas para isso é preciso reorganizar os saberes, aliando a presença
das tecnologias na educação, ou seja, não somente incluir as tecnologias em sala,
mas repensar o papel do aluno e do professor com o uso desses recursos.
Esse repensar é necessário.
É fundamental que se contemple a utilização das novas tecnologias
visando à aprendizagem dos nossos alunos e não apenas servindo para
transmitir informações.
E porquê personalizar?
Partindo do princípio que as pessoas aprendem de formas diferentes,
em ritmos diferentes, com base nos seus conhecimentos prévios, habilidades,
interesses e emoções, certamente o ensino não poderá ser único formato para todos.
Várias são as mudanças, vários são os desafios.
E não se pode negar que o avanço do mundo digital nos trouxe diversas
possibilidades, mas que em termos de incorporação em sala de aula sabemos que
ainda caminha a passos lentos em muitas instituições de ensino no Brasil.
Por fim, como personalizar?
Há muitos caminhos.
O essencial é evitar fazer mais do mesmo, ou seja,
introduzir as tecnologias sem pensar nos objetivos e benefícios do uso dela.
Poderíamos simplesmente adotar computadores em sala e continuar
aplicando o ensino que não leva em conta as necessidades de cada estudante.
Por exemplo, propor uma atividade na internet que espera que todos os alunos
façam no mesmo tempo, no mesmo ritmo e dentro do mesmo grau de dificuldade.
Primeiro passo em direção à personalização seria proporcionar aos
alunos uma pesquisa ou tarefas diferenciadas, individuais e em grupos.
Assim esse novo formato dinamiza o espaço, seja qual for,
trabalhando em grupos e estações, e se apropriando das tecnologias
a favor da personalização, conforme as habilidades de cada.
Sem dúvida, Fernanda.
E é preciso reconhecer que em sala de aula temos alunos com
facilidades em determinados conteúdos e dificuldades em outros.
Assim cada tem seu ritmo e por isso a importância de personalizar,
tornando as tecnologias digitais aliadas, e centralizando o ensino no aluno.
Como salientam Christensen, Horn e Johnson,
a utilização das tecnologias deve ganhar espaço em sala de aula quando essa for
de fato a melhor alternativa para o aluno aprender.
Ou seja,
não basta usar as tecnologias digitais sem antes pensar em sua finalidade.
>> E para o estudante, há principalmente dois benefícios da personalização.
É a motivação, que substitui a frustração por não acompanhar o ritmo
ditado muitas vezes pelo professor, e o outro é a maximização do aprendizado,
no sentido de que o aluno tem oportunidade de aprender de forma individual,
com o grupo, com o uso das tecnologias e efetivamente com o professor.
>> Obrigada por sua contribuição, Fernanda.
Vamos ver a seguir alguns momentos de personalização que as professoras do Gec
no Rio de Janeiro implementaram em sala de aula.
Com o passar do tempo e com a vivência nesse modelo de aula,
o nosso aluno tem-se mostrado mais motivado, mais participativo,
mais interessado, mais compromissado.
Quando a gente passa uma aula que tem alguma tarefa para trazer no dia seguinte,
aquele aluno que participou, como ele se envolveu mais,
ele dificilmente não traz a atividade feita.
A parceria com os colegas tem sido muito grande.
Acho que o grande ganho realmente é a autonomia dele.
Ele acreditar-se capaz de caminhar sozinho.
Ele recorre sempre ao professor, ele recorre muito aos colegas,
mas ele não fica mais esperando que o professor faça alguma coisa por ele.
Ele senta lá, faz o seu trabalho, desenvolve aquilo sozinho,
e vai caminhando e vai para a frente.
>> Então, sem dúvida ele ganha porque ele começa a ter,
ele começa a ter uma postura de cidadão.
Ele começa a pensar criticamente, ele começa a saber que ele tem que se
comunicar, que ele tem que interagir, que ele tem que,
que ele precisa refletir sobre o que, sobre as informações que ele recebe.
Então, sem dúvida ele tem ganho além do conteúdo,
além da formação acadêmica dele.
>> Eu e a professora Carla estamos sempre juntas lá apoiando eles,
orientando todo o trabalho, mas eles estão sempre tentando trabalhar
esse conteúdo de forma individualizada, com a parceria dos colegas.
>> Agora a proposta é realizar estudo de caso,
analisando trecho do curso da Khan Academy em que os professores dos
Estados Unidos relatam suas experiências com o ensino híbrido.
A proposta dessa atividade é que você assista com atenção aos relatos destes
professores.
Se necessário, tome nota dos pontos sobre como eles
resolveram suas problemáticas em cada dos contextos.
Após observar todos, qual seria, na sua opinião, a melhor forma de preparar
estudantes brasileiros para obterem sucesso em ambiente de ensino híbrido?
Responda a essa questão utilizando o estudo de caso.