Uma pergunta interessante é: como o empreendedor toma as decisões?
Porque é ambiente com poucas informações, extremamente fluido,
quase mutante, então como é que pensa esse tipo de liderança,
que é diferente de uma liderança governamental,
é diferente de grande executivo de uma grande empresa.
O empreendedor, ele foca bem menos do que ele pode ganhar,
mas principalmente otimizando o quanto ele pode perder.
Então empreendedor de sucesso, ele foca nas grandes oportunidades,
mas está sempre atento o quanto é se aquelas decisões,
aquelas sequências de decisões for falha, o quanto
isso pode compremeter o seu negócio ou a sua própria pessoa, por exemplo.
Então é muito importante ter esse equilíbrio entre o grande pote de ouro
no fim do arco-íris e o impacto da queda do próprio arco-íris.
Então comparando pouco com o meio acadêmico, por exemplo,
a decisão acadêmica é muito mais baseada em fatos,
em evidências e num raciocínio lógico, estruturado e extremamente embasado.
Muito forte no embasamento.
Por quê?
Porque é assim que a ciência cresce.
Só que empreendimento não é assim.
Não tem como a gente em algum momento ter todas as decisões para a gente
tomar o melhor caminho para a empresa.
Então é muito importante sempre decidir, porque não decidir é uma decisão.
É colocar a decisão da sua empresa na mão de outra pessoa.
Então por mais que a decisão seja difícil ou ela ainda não esteja embasada,
mas tem momentos que o empreendedor, ele tem que tomar o risco que é exatamente o
empreendimento que deseja o crescimento, então ele toma risco.
Claro, risco calculado, risco que é mensurável a perda,
caso ele dê errado, mas essa decisão,
essa sequência de decisões diárias é que promove o crescimento da empresa.
Não decidir não é uma escolha.
Eu acho que empreender é essencialmente a tomar decisão.
Se você quer tomar decisões, decidir que vai empreender,
se você quer fazer, executar as decisões que alguém tomou,
vai pelo caminho tradicional do emprego.
E a tomada de decisão no contexto do empreendedorismo, ela é fundamental,
porque ela é que vai ditar e direcionar basicamente todo o futuro do negócio,
para que caminho ele vai.
E são desde decisões mais estratégicas, enfim,
como posicionar meu produto, qual é a visão de mundo,
a missão desse negócio até para qual mercado, a que preço,
usando quais canais, vou, enfim, fazer parcerias, uma determinada
estratégia ou vou fazer dentro de casa, vou contratar alguém, vou ter fornecedor,
vou ter parceiro e tudo isso vai determinar o sucesso ou não do negócio.
Então bom empreendedor basicamente é bom decisor.
E essa tomada de decisão não é fácil,
é uma tomada de decisão que é complexa e tem uma série de desafios.
Então o empreendedor, ele precisa tomar essa decisão rapidamente.
Ele não pode levar muito tempo analisando todas as opções
até porque ele não tem tempo e muitas vezes não tem os recursos para
obter as melhores informações possíveis.
Não dá para contratar uma empresa de pesquisa de mercado para fazer uma
análise profunda de uma determinada questão.
Então esse empreendedor precisa ser capaz de assumir riscos
porque ele não tem todas as informações à mão, ele vai
ter que assumir alguns riscos e precisa ter uma leitura muito boa do ambiente,
do mercado, dos clientes, uma leitura interna dos colaboradores,
saber usar da melhor forma a informação que ele tem à mão para tomar
a melhor decisão possível entender onde ele pode arriscar ou não.
Então todos esses elementos, falta de informação, a necessidade de
tomar uma decisão rápida, a importância dessa decisão e o elemento do risco,
que é central no empreendimento, estão aí em volta dessa necessidade.
Por isso acho que uma característica importante do empreendedor é saber ouvir,
no sentido mais amplo.
Ouvir o mercado, ouvir o cliente, ouvir o ambiente interno ali
dos seus colaboradores, dos sócios para com essa leitura ou
essa audição aguçada poder tomar as melhores decisões.
O mundo hoje, o mercado com as velocidades,
a competividade cobra essas decisões cada vez mais rápidas das
empresas e é difícil continuar tomando decisão do mesmo jeito que você
tomava algum tempo atrás onde o mundo era mais lento,
as empresas elas detinham poder muito maior porque elas ditavam,
você tinha menos empresas, menos produtos e hoje,
com mercado muito mais competitivo e a informação muito mais disponível,
o consumidor é cliente final, tem muito mais poder e muito mais acesso
e isso cobra das empresas uma velocidade maior no lançamento de produtos,
das respostas ao mercado e uma tomada de decisão diferente.
Então as empresas também estão sendo pressionadas para tomar decisões mais
rapidamente e há custo menor porque os ciclos de desenvolvimento dos produtos
estão ficando menores e então não dá para investir na mesma coisa que eu investia
antes porque eu preciso pagar esse investimento mais rapidamente.
Então essas pressões também trazem para as empresas
a oportunidade de ter uma visão mais empreendedora internamente.
Também na tomada de decisão, no lançamento de produtos mas eu diria que em todos os
elementos da empresa que é desafio, porque a estrutura é muito maior,
mas você pode ter uma abordagem pouco mais empreendedora,
equipes menores, decisões mais rápidas,
menos hierarquia para trazer para dentro das empresas também
pouco desse ambiente mais empreendedor no processo de inovação delas também.
Eu acho que a tomada de decisão,
não só na vida do empreendedor mas na vida de executivo, na vida de aluno,
na vida de professor, ela tem que ser pautada por duas coisas principais.
A primeira é a análise de informações e a análise de dados.
E isso não só numa pesquisa na internet ou acesso a informações que você tem,
mas também ouvindo opiniões de pessoas diferentes.
Então eu acho que o bom profissional é aquele que é bom ouvidor.
Ele consegue captar as informações que vem de diferentes fontes,
ele valida essas informações,
ele digere todas essas opiniões, essas informações e
aí entra o segundo fator importante da tomada de decisão que é o feeling.
É o feeling.
Depois de você trabalhar todas essas informações de
acordo com a sua experiência na situação que você está vivendo,
o que é que vem de dentro, o que é que você sente disso?
E aí você toma a decisão.
Então eu acho que é uma combinação entre o feeling do empreendedor,
do estudante, do executivo embasada por dados,
embasada por informações sobre aquele determinado assunto.